Nasci Princesa real .
Minhas primeiras lembranças são de um berço branco com dossel rendado,
enfeitado de fitas rosas e cheio de bichinhos de pelúcia, lindas bonecas e chocalhos prateados.
Cedo aprendi que, abrindo a boca e gritando, alguém logo aparecia para me segurar nos braços
e confortar-me.
Quando já tinha alguns meses, meu pai me levara ao jardim e dissera ao me ver tocar nas flores: " São lindas, princesa, mas você é a mais linda delas".
Era bom quando meu pai me levantava em seus braços fortes e me levava em um calmo passeio pela casa mostrando-me cada brasão e quadro e dizendo:
" Tudo isso é nosso reino, princesa ". Sua voz era severa mas reconfortante.
E quando me carregava até a janela apontava para os campos e jardins que se seguiam ao longo da propriedade: "Está vendo? Um dia será tudo seu " .
Várias pessoas visitavam o castelo para me ver, mas só poucos escolhidos tinham permissão para pôr-me no colo.
Os demais contemplavam-me no berço, impressionados por meus traços delicados, meu belo cabelo negro e a pele suave, enquanto meu pai dizia orgulhoso:
" Qualquer um diria que ela é uma princesa! " E, inclinando-se sobre o berço , acrescentava: "Daqui a alguns anos virá o belo príncipe que lhe fará sonhar ".
Delicadamente, ele ajeitava o cobertor rosa salpicado de estrelas pratas que me envolvia e eu mergulhava num sono satisfeito. Todo meu mundo era um sonho cor-de-rosa composto por castelos, belos hipogrifos e vassouras.
Mas foi aos 8 anos que eu descobri que tudo aquilo desmoronara tão fácil por um simples detalhe; o Rei partiu da vida, deixara só sua princesa. Tão diferente do resto da família, deste pai, até mesmo de mha mãe, e meus melhores amigos (...)